Rubens Díodoro

Por que psicanálise?

A psicanálise parte de uma escuta que não busca corrigir ou adaptar o sujeito a um ideal. O ponto de partida é uma queixa, um sintoma - aquilo que insiste, que não se encaixa, e que retorna como sofrimento.Chama-se psicanálise porque se analisa. Assim como na química, onde se decompõe para entender a composição, aqui trata-se de desmontar o que parecia inteiro demais - um modo de ser, um sintoma que por vezes pode vir a tornar a vida insuportável. Há algo no sujeito que escapa à adaptação: uma maneira específica de se perceber, de repetir dilemas e de ocupar o mundo. Ao invés de "reconstruir" um ideal, aposta-se na compreensão do que cada fragmento tem a nos dizer.A proposta não é restaurar uma normalidade idealizada. O que se busca não é "encaixar" o sujeito num padrão, mas escutar o que nele resiste. Seja uma angústia persistente, um delírio, um ritual obsessivo - o sintoma aponta para algo que não vai bem com o sujeito apesar de todas as tentativas de se encaixar àquilo que esperam dele. E é exatamente por isso que o sintoma é precioso: ele denuncia.Diz-se, então, que o papel do psicanalista é escutar. Escutar, sobretudo, aqueles que sofrem pelos encaixes forçados no interior da vida social - e não conduzi-los de volta à forma original. Pois se o sintoma indica que algo não vai bem, a escuta analítica busca justamente abrir espaço para que o sujeito possa compor, ele mesmo, outras formas de viver.Não se trata de adaptar, mas de sustentar a diferença. Não se trata de ensinar a caber, mas de permitir que se invente - singularmente - um lugar de onde falar, existir e desejar.

Quem sou eu?

• Psicanalista e psicólogo.
• Mestrando em Psicologia pelo Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Pará (PPGP/UFPA)
• Especialista em Saúde Mental pela Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna / Universidade do Estado do Pará (FHCGV/UEPA)
• Coordenador do Grupo de Estudos "Psicanálise, Loucura e Revolução" e membro do Grupo de Pesquisa "Clínica das Psicoses", vinculado à FHCGV.
• Possui experiência em saúde mental, intervenção psicossocial, manejo de emergências psiquiátricas, clínica do sofrimento psíquico grave e persistente, facilitação de grupo operativo e metodologias autocompositivas.
• Autor de artigos sobre psicanálise e suas interseções com a saúde mental, a política e as formas de sofrimento e subjetivação na contemporaneidade.

Participações públicas e acadêmicas

© Rubens Díodoro - CRP10/08374